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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Depoimento Francisco Marcelo Lemos Pereira

(Novembro 1972-Acervo E.E.Clóvis Salgado)
Meu nome é Francisco Marcelo, também ex-aluno do Ginásio Clóvis Salgado. Formei-me em 1972, junto com Marco Antônio Felix; Valter Silva; Alexandre Ferreira (Xandico); Iijo (do Zé Silva); José Emílio Camarini; Cecília Maria de Souza; Leila Manes; Tânia Mara; Margarida Martins; Regina Souza; Maria Lúcia Barilo...
Nunca fui um aluno brilhante no ginásio. Confesso até certa mediocridade, prova disso foi minha reprovação na terceira série, que cursei em S. Paulo. Voltei para terminar a quarta aqui. Minha memória também não é das mais privilegiadas, como são as de alguns colegas que também apresentaram seus depoimentos aqui neste blog.
Mas, como tudo na vida de um adolescente são experiências marcantes, também tive as minhas vividas nesta instituição.
Obviamente não amava todos os professores, na verdade, para alguns eu gostaria de ter praticado Vudu, mas reconheço que eram capacitados e se esforçavam ao máximo para enfiar boas coisas nas nossas cabecinhas ocas.
Lembro-me de alguns que foram decisivos em situações de minha vida futura. Não adianta mais falar de D. Marta ou de D. Tonete, pois já estão cantadas em verso e prosa em todos os depoimentos. Concordo com eles.
Gostaria de citar o nosso querido Pastor Edwald Valin, figura impressionante pelo seu conhecimento de História Geral e pela figuraça, mesmo, que era. Um sujeito de estatura fora dos nossos padrões, altão, de calças “pega-frango”, sapatos enormes, sempre desajeitadão e sempre sorrindo. Adorava tirar um barato dos alunos. Certa vez me chamou de imberbe. Fiquei encucado com aquela palavra... Que seria isso? Imberbe... Até q ele mesmo esclareceu, dizendo-me que nada mais é do que um sujeitinho sem barba. Mas era bravo também... Sabia da vida de todos os faraós e seus descendentes e ascendentes, com nomes, datas e aquelas complicações todas que nem novela das oito consegue imitar.  Eu ficava por entender qual seria a necessidade de tal matéria e porque deveríamos saber de datas e histórias malucas, de pirâmides e escravidão de povos, em que aplicaríamos aquilo tão entusiasticamente colocado pelo professor. Hoje percebo que a finalidade era colocar princípios em nossa formação humanística e nos mostrar nossas origens.
Devo meu trauma com a língua inglesa ao querido professor “Zé Botina”. Este danado aplicava aos alunos uma apostila enorme, no tamanho e no conteúdo, muito das mal elaboradas e mal acabadas – eram confeccionadas com um papel desgraçado de fraco, que se esfarelava “rapidim”, tendo as folhas presas por um grampo metálico. O conteúdo era todo datilografado. Ele era o autor da obra... Sua didática consistia em sentar-se à mesa e deixar que os alunos fossem dando conta, por si mesmos, da tal apostila. Eventualmente solicitava a alguém que se levantasse e lesse um pequeno trecho. Dava lá uma nota e pronto.
Nunca aprendi inglês na vida, por mais cursos que frequentasse. Tomei birra da língua, dos ditos americanos e dos arrogantes ingleses... Será que o Zé Botina teve algo a ver com isso? Coitado, claro que não... Mas tenho cá uma pulguinha atrás da orelha...
Inversamente a essa situação, tive a felicidade de ser aluno do Luiz Carlos Teixeira. Era nosso professor de Desenho Técnico. Acreditam? Desenho Técnico num curso ginasial? Pois tínhamos no C. Salgado! Não sei como anda a grade por lá hoje, mas foi daí, a partir desses ensinamentos, da simpatia, capacidade, simplicidade, inteligência, didática e todos os predicados positivos que possamos atribuir a um professor, que me encantei com a matéria, com os traços e com a possibilidade de desenhar ou projetar o que quisesse. Era muito divertido descobrir os detalhes dos objetos e peças e colocá-los de forma legível sobre uma folha de papel. Nasceu então, a partir desta empolgação, o engenheiro mecânico que passou sua vida profissional tentando mostrar a outros a beleza de tal profissão.  Era bacana viajar nas aulas do L. Carlos... Lembro-me dele falando sobre duas retas paralelas, aquelas que nunca se encontram. Mas, como num alento às duas amigas, ele propõe a existência de um ponto no universo, muito, muito distante, onde essas retas se encontram. É o chamado “ponto improvável”. Muito doido isso... Quase poesia...
Professor Luiz Carlos, gostaria de alcançá-lo hoje, num abraço de reconhecimento, para dizer que devo a você grandes felicidades, conquistas e minha história profissional.
Sargento Gianinni, nosso professor de Educação Física. Figura caladona que impunha seriedade, disciplina e respeito, sem terror, serenamente. Logo de cara tornei-me o “guia” da turma nas seções de exercícios físicos, os quais fazia apaixonadamente e sabia de cor toda a sequência da aula. Ele também vibrava com isso. Algumas vezes chegava a parar a aula para mostrar, em “câmera lenta”, a movimentação dos músculos no corpo durante a execução de exercícios específicos. Eu achava o máximo, afinal o modelo era eu “mesminho”, com toda aquela musculatura privilegiada. He He He...
A minha participação na fanfarra foi mais um sonho realizado. Gostava tanto daquilo que, já no primeiro ano de ginásio, comparecia a todos os ensaios, somente para admirar a moçada tocando e sentir aquela barulhada toda dentro do peito.  Lembro-me de alguns integrantes: Jorge do Sr. Arnaldo; irmãos Telekete e Ivan;  Esequias do Prequeté; Antonio Pardal; João Cotó; Hequinho ou Hércules da dona Elvira do CTC; irmãos Eliseu e Alírio, Panú... Tanto dei minhas caras - de cachorro que caiu da mudança - e insisti em participar que acabaram me empurrando uma corneta pra que eu soprasse. Alguém disse que passando leite pela corneta ela ficaria mais fácil de ser tocada. Pois bem, lavei a dita no leite e soprei dia e noite aquela joça, tentando reproduzir a música do “o gato sargento, mordeu meu * sargento”... Claro, não saiu nada que prestasse e me trocaram a corneta por uma caixa de guerra toda ferrada, enferrujada, com a esteira solta, que não dava afinação por nada nesse mundo. Pois bem, desmontei a “marvada”, fiz uma intervenção tal que o instrumento passou a reproduzir seu legítimo som com perfeição. Bastou aparecer com ela no primeiro ensaio para que a tomassem de mim e me empurrassem, goela a baixo, um tarol em estado também precário. Pois quando voltei para o próximo ensaio, o tarol só faltava falar. Tocava sozinho. As baquetas saltavam com vida própria e felizes pelo couro do mais feliz dos taróis, sob a destreza do mais feliz dos tocadores. Ninguém teve coragem de triscar nele. Ficou comigo pelos anos todos que participei da fanfarra, da qual passei a ser o solista. Realização total!
Muito bem meus queridos, aí está uma pequena amostra de minhas experiências pelo nosso tão amado Clóvis Salgado, nascedouro de tantos talentos e ainda hoje uma escola de referência na região.
Peço desculpas por não citar todos os professores e colegas, mas o texto se tornaria muito longo e quem sabe noutra oportunidade possamos falar destes malucos fantásticos.
Forte abraço a todos.
Francisco Marcelo Lemos Pereira

4 comentários:

  1. um abraço para vc também! maravilha de depoimento, cheio de graça e alegria! parabéns!

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  2. Marcelo, li e reli e treli seu depoimento. sinto-me feliz por ter conhecido seus olhos verdes desde pequenino...ah, como você escreveu gostoso!
    você descreveu com simpática ironia suas vivências no Clóvis Salgado e, mesmo suas desventuras com o trombone ficaram o exato retrato de um ginasiano dos bons tempos rsrsrs
    foi bom demais te ler viu?
    nossinhora, esse menino é bom "dimais" sô!
    uai,dava até pra cronista...fazer sucesso na capital!
    meu carim procê.
    minha imensa saudade docê, inda de calças curtas rsrsrs
    beijim

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  3. Memélia e M. do Carmo, o carinho de vcs me emocionou. Obrigado! E... M. do Carmo, lembro-me de vc na minha casa e também de mim na sua, com sua doce mãe mostrando-me os caminhos ao Divino. Bjoks!! FM

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  4. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    e criei meus filhos no kardecismo rsrsrssrsr
    foi aí q ela desencarnou de veiz rsrsrrs

    beijim com gosto de rapadura
    to cuma vontade de ir no engenho....
    qdo minhas 2 filhas parirem eu irei em Cbq.vou de moto com meu filho
    o Divino é pai!
    amémmmmmmmmmmmmmmmmmm

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